Na mensagem o Papa chama a atenção: “No dia 1 de janeiro de 2017, nasce o novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que ajudará a Igreja a promover, de modo cada vez mais eficaz, ‘os bens incomensuráveis da justiça, da paz e da salvaguarda da criação’ e da solicitude pelos migrantes, ‘os necessitados, os doentes e os excluídos, os marginalizados e as vitimas de toda e qualquer forma de escravidão e de tortura”.
Assinada em 8 de dezembro, o Papa Francisco lançou Mensagem para o 50º Dia Mundial da Paz (1º de Janeiro de 2017), tendo como titulo “A não-violência: estilo de uma política para a paz”.
Dando continuidade a iniciativa de seus predecessores, desde o Beato Papa Paulo VI, o Papa Francisco manteve a exortação a todos os povos e a todas as pessoas de boa-vontade, católicas ou não, reafirmando o princípio de que “a paz é a única e verdadeira linha do progresso humano (não as tensões de nacionalismos ambiciosos, nem as conquistas violentas, nem as repressões geradoras duma falsa ordem civil)”, conquanto, o seu verdadeiro desiderato continua a ser, como indicava São João XXIII, “baseado na verdade, na justiça, na liberdade e no amor”.
Diante de “um mundo dilacerado”, a ponto de poder ser conferido como em um estado de “terrível guerra mundial aos pedaços”, o Papa convida a uma disposição de “não-violência como estilo duma política de paz”.
A Mensagem propõe uma “Boa Nova” que é imediatamente acolhida pela Comissão Justiça e Paz de Brasília, naquele plano que a convoca em sua ação pastoral, estatutária e local.
A “Boa Nova”, derivada da pregação de Jesus, significa “aderir também a sua proposta de não-violência”, não diz ele, como “um mero comportamento tático, mas um modo de ser da pessoa, uma atitude de quem está tão convicto do amor de Deus e do seu poder que não tem medo de enfrentar o mal somente com as armas do amor e da verdade” para, assim, quebrar “a corrente da injustiça”.
Trata-se de, com exemplos notáveis por seu protagonismo (Mahatma Gandhi, Khan Abdul Ghaffar Khan, Martin Luther King Jr, Madre Teresa, Leymah Gbowee) e de diferentes coletivos (mulheres liberianas, diversas comunidades cristãs), realizar um percurso global e local pela paz com o qual “a Igreja comprometeu-se na implementação de estratégias não-violentas para promover a paz em muitos países”, assim como comprometeu-se “a favor das vitimas da injustiça e da violência”, convergindo numa atitude que “não é um patrimônio exclusivo da Igreja Católica, mas pertence a muitas tradições religiosas”.
Para a CJP-Brasília, cuida-se de inserir-se no que o Papa Francisco indica como “a raiz doméstica duma política não-violenta”. Vale dizer, assumir a função apaziguadora, para lançar-se à “busca do bem do outro, a misericórdia e o perdão”, irradiando esses fundamentos para toda a sociedade. Trata-se, orienta o Papa Francisco, de instituir uma “ética de fraternidade e coexistência pacífica entre as pessoas e entre os povos (que) não se pode basear na lógica do medo, da violência e do fechamento, mas na responsabilidade, no respeito e no diálogo sincero”
O Papa lembra que o Jubileu da Misericórdia que se encerrou em novembro passado, “foi um convite a olhar para as profundezas do nosso coração e a deixar entrar nele a misericórdia de Deus. O ano jubilar fez-nos tomar consciência de como são numerosos e variados os indivíduos e os grupos sociais que são tratados com indiferença, que são vitimas de injustiça e sofrem violência”.
O Papa Francisco finaliza com “um convite”, a que não devem recusar os homens e as mulheres de boa-vontade, e ao qual não se deve furtar a CJP-Brasília, nos ditames de seu mandato pastoral: “No dia 1 de janeiro de 2017, nasce o novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que ajudará a Igreja a promover, de modo cada vez mais eficaz, ‘os bens incomensuráveis da justiça, da paz e da salvaguarda da criação’ e da solicitude pelos migrantes, ‘os necessitados, os doentes e os excluídos, os marginalizados e as vitimas de toda e qualquer forma de escravidão e de tortura”. Finaliza confirmando a condição, tanto mais necessária quanto mais preocupa neste momento em nosso Pais, perder o horizonte solidário das políticas públicas e sociais para as crescentes camadas sobrantes da ação acumuladora da ganância econômica e financeira: “Toda a ação nesta linha (solidária), ainda que modesta, contribui para construir um mundo livre da violência, o primeiro passo para a justiça e a paz”.
Por Comissão Justiça e Paz