Nota da Comissão Justiça e Paz de Brasília
Em apoio às medidas da Arquidiocese de Brasília durante a crise do COVID-19
O serviço Fraterno e Solidário da Misericórdia
A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade.
Homilia do Papa Francisco, Adoração do Santíssimo e Bênção Urbi et Orbi,
Basílica de S. Pedro, 27/03/20.
De modo muito consciente e responsável, o Cardeal Dom Sérgio da Rocha tem orientado a comunidade e assumido, com toda a Igreja de Brasília, o exemplo do Santo Padre no sentido de adotar as diretrizes a partir dos protocolos e cuidados definidos pelas autoridades mundiais, nacional e local do sistema de saúde e dos organismos científicos, fortalecido pelas palavras do Papa Francisco: “Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as nossas ações vencedoras”.
Estamos em silêncio, orando, mas num recolhimento ativo e, por isso, dialogamos com o nosso Cardeal um conjunto de medidas para as quais pedimos a colaboração fraterna para somar esforços na solidariedade concreta com a doação de recursos, via Cáritas Arquidiocesana de Brasília, para apoio às pessoas e às famílias mais vulneráveis; divulgação de iniciativas que apoiem trabalhadores/as informais sem renda, para que permaneçam em isolamento social; a multiplicação de gestos solidários dos mais jovens no apoio às pessoas idosas e com doenças crônicas de sua vizinhança; que as paróquias possam ceder espaços para montagem de “hospitais de campanha” em articulação com a Secretaria de Saúde do DF, caso haja agravamento do Coronavírus; e o apoio a padres e religiosas com a ativação do sistema no que lhes caiba das medidas compensatórias de subsistência durante o período de distanciamento social e interdição das igrejas.
A Comissão Justiça e Paz de Brasília, solidária com seu pastor, no cuidado e no zelo pastoral, se põe em consonância com suas diretrizes e se dispõe a contribuir “com pequenos gestos do dia a dia”, assumindo o chamado à “corresponsabilidade”, para manter os serviços e os espaços públicos nos templos e nas paróquias, em conjunto com as Pastorais Sociais, se dedicando ao “serviço silencioso”, instalado no culto fraterno de nossos corações e transformando nossas residências em templos de oração e espaço para as intercessões ditadas por nossa fé, nos mantendo em atitude solidária e misericordiosa aplicando o distanciamento social que a necessária quarentena requer.
O isolamento social é importante e fundamental para reduzir o número de casos e ter possibilidade de real atendimento de saúde para a população em geral. Opor saúde e economia é um falso dilema. Manter as atividades econômicas, como proposto por alguns empresários, significa o colapso do sistema de saúde e um custo sanitário e social maior em longo prazo. Pois, uma contaminação mais generalizada vai prejudicar não só a saúde da população, mas de maneira mais grave as atividades econômicas e por mais tempo. Por isso, o grande valor do socorro social às famílias que estão sem renda.
Brasília, 04 de abril de 2020.
Comissão Justiça e Paz de Brasília