Realizou-se ontem, às vésperas do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, a última conversa de Justiça e Paz do ano de 2015, promovida pela Comissão Justiça e Paz de Brasília. Para conduzi-la o convidado foi o Arcebispo Dom Sergio da Rocha, que teve a honrá-lo na mesa, além dos Bispos-Auxiliares Dom Marcony e Dom José Aparecido, também o Presidente da CJP José Márcio de Moura Silva.
A presença de Dom Sergio, abalizado exegeta do tema, objeto da Bula pontifícia Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia) – lançada exatamente como proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia – buscou atender a expectativa da comunidade de receber a sempre lúcida e fraterna orientação pastoral de nosso arcebispo, mais ainda necessária nesse momento espiritual e político, que exige de todos e todas serenidade no coração, juízo no discernimento, cuidado nas atitudes e misericórdia no agir, na comunidade, na sociedade, no País e no mundo, em tempos difíceis, conturbados e desafiadores.
No Auditório Dom José Freire Falcão da Cúria, com ocupação plena, incluindo membros da CJP e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, outras expressões representativas da Sociedade Civil, das Pastorais, dos Organismos e dos Serviços arquidiocesanos, o expositor exercitou com discernimento e ânimo da palavra a exegese bíblica do espírito do jubileu e do alcance, no âmbito da Bula papal, da relação entre Justiça e Misericórdia.
À luz das referências dos livros Êxodo (2,22; 23-33), Levítico (24,4) e Deuteronômio (15, 12 e seguintes), ele identificou o “Código da Aliança” como base para entender “a Misericórdia como forma de realizar a Justiça”, não apenas como dom, mas vivência do jubileu (Lucas, 4, 18), ao mesmo tempo remissão e redenção.
Tal qual o Papa Francisco (MV n. 16), Dom Sergio igualmente nos convocou a “viver, com fé, o jubileu”, na concretização de “uma espiritualidade cristã”, inteiramente mobilizada, para a ”caridade organizada comunitariamente”. Neste sentido, citando a Bula (MV), ele nos exortou a redescobrir, como o faz o Papa Francisco (n. 15), “as obras de misericórdia corporais: dar comida aos famintos, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, acolher o estrangeiro, assistir aos doentes, visitar os presos, sepultar os mortos”, sem esquecer “as obras de misericórdia espirituais: aconselhar os duvidosos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as injustiças, rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos”.
Em suma, para Dom Sergio, Misericórdia e Justiça formam mais que uma relação. De fato, “elas se exigem” e nos convocam para a dupla atitude de receber e de simultaneamente conferir o dom, exercitar o perdão e promover a reconciliação.
Por Comissão Justiça e Paz