Educação para a Paz e Direitos Humanos – 05/10/2015

A Conversa de Justiça e Paz de outubro de 2015 ocorreu no dia 5/10, no Auditório Dom José Freire Falcão da Cúria Metropolitana, promovido pela Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília. Desta vez, o tema foi “Educação para a Paz e Direitos Humanos”. Ocorrido no dia seguinte ao da Caminhada da Paz, realizada no dia de São Francisco de Assis, o objetivo era relacionar dois temas tão importantes quanto a educação e os direitos humanos, levando em conta alguns problemas gerais acerca desses assuntos e certas iniciativas bastante concretas que vêm sendo realizadas na interface desses temas.

Jpeg

Os convidados para falar inicialmente foram a Profa. Dra. Nair Bicalho de Sousa, professora do Departamento de Serviço Social da UnB e coordenadora do Núcleo de Estudos para a Paz e os Direitos Humanos da UnB, o Prof. Daniel Seidel, da Universidade Católica de Brasília, membro da Comissão Justiça e Paz Nacional e da Arquidiocese de Brasília, e a Dra. Flávia Tavares Beleza, coordenadora do Projeto de Mediação de Conflitos no Contexto Escolar: Estudar para a Paz.

Para um público de cerca de sessenta pessoas, primeiramente, falou a Profa. Nair Bicalho de Sousa. Ela apresentou um panorama da violência urbana e social, que está presente no mundo todo, gerando mortes numa proporção comparável ou até maior que as situações de guerra declaradas. Um sistema econômico e social baseado no lucro a qualquer custo e na exclusão social tem efeitos perversos sobre a paz e os direitos humanos. Ao final de sua exposição, a Profa. Nair apresentou o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, (PNDEH), do qual ela participou como uma das representantes nacionais do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. O PNDEH foi lançado em 2007 com a proposta de infundir na sociedade brasileira, por meio de todos os seus níveis de ensino, uma cultura de defesa dos direitos humanos e da paz.

A Dra. Flávia Tavares Beleza é advogada e mestre em Política Social pela UnB, sendo pesquisadora do Núcleo de Estudos para a Paz e Direitos Humanos da Universidade de Brasília. Ela apresentou o projeto de mediação de conflitos nas escolas, como forma de pacificação do ambiente escolar, que vem sendo desenvolvido em diversas escolas públicas do DF. O trabalho ganhou projeção nacional ao ser objeto de uma matéria no programa “Fantástico” da Rede Globo de televisão, mostrando excelentes resultados de diminuição da violência escolar por meio de técnicas de mediação de conflitos. Os próprios alunos são envolvidos no processo como mediadores e as lideranças antes negativas, no sentido de promoverem violência e desentendimento, passaram a ser agentes de paz nas escolas.

A fala seguinte foi de Daniel Seidel, que foi um dos principais articuladores do evento do dia anterior, a Caminhada da Paz. Daniel mostrou a própria Caminhada como um exemplo entre várias iniciativas concretas de defesa da paz e em favor de uma atitude que não fique indiferente perante a violência. O ano de 2015 foi proposto como ano da paz pela CNBB, no qual se pretende incentivar reflexões, orações e ações sociais no país em favor da paz. Daniel citou ainda a atividade de educação ambiental que vem sendo desenvolvida em escolas católicas de Brasília, com o auxílio de catadores de lixo da Cidade Estrutural. Isso tem possibilitado aos estudantes não só um contato com uma realidade social distante para muitos deles, como um conhecimento bem concreto do problema ligado à política nacional de resíduos sólidos. Essa será, aliás, a questão motivadora para atividades nas escolas posteriores à Caminhada da Paz realizada no dia 4 de outubro.

Como tem sido frequente nas Conversas de Justiça e Paz, o debate teve grande participação do público. Além de elogios e apoio aos projetos desenvolvidos, especialmente o de paz nas escolas, houve também algumas manifestações de posições alternativas às que foram apresentadas pelos expositores. Um dos participantes apresentou o texto de um projeto de lei que versa sobre liberdade de crença e consciência nas escolas. Seu propósito é evitar que, em vez de educação, o estudante seja submetido à doutrinação política e moral. Outro participante questionou a tese de que a economia de mercado seja uma causa principal da violência que vivemos – a seu ver, é exatamente o contrário: a resolução de problemas como a violência seria mais bem encaminhada com a valorização da iniciativa privada.

Jpeg

Por fim, Dom Leonardo Steiner apontou a diversidade de opiniões apresentadas na Conversa de hoje como um exemplo de educação em favor da paz, que envolve ouvir quem não concorda com as minhas ideias. Segundo ele, é preciso fomentar o diálogo como forma de buscar, por meio da palavra, o lugar onde as coisas deveriam estar. É fundamental que nos coloquemos e nos exponhamos por meio da palavra, aceitando que o outro se coloque e se exponha também, tal como o Verbo que se fez carne e habitou entre nós.

Assista a Conversa na íntegra:

Você pode gostar também