Na noite da última segunda-feira (04/05/2015), a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília realizou mais uma Conversa de Justiça e Paz, sobre o tema: “Comunicação: direito de informar e ser informado. Expectativas da sociedade e das famílias”, com a presença do Ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, e cerca de 90 participantes, entre membros da Arquidiocese de Brasília (clero, seminaristas e leigos), pessoas de vários organismos e instituições, professores universitários e grupos da sociedade civil.
A questão principal foi a necessidade de uma maior participação da sociedade no debate sobre o marco civil da mídia. O evento ganha importância no período das preparações para o 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a ser celebrado no dia 17 de maio de 2015, festa da Ascensão do Senhor, antecedido pelo Dia Nacional e Internacional das Comunicações, celebrados no dia 5 de maio. Por essa razão, várias iniciativas têm sido levadas a efeito na Cúria, podendo ser mencionado o seminário para padres sobre o tema sacerdócio e comunicação, realizado no dia 29 de abril. O assunto mobiliza o Vaticano, que desde 1963, durante o Vaticano II instituiu o dia e tem merecido mensagens dos Papas Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e agora, em especial, do Papa Francisco.
Na sua Mensagem “Comunicar a Família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”, o Sumo Pontífice afirma que “o Dia Mundial das Comunicações Sociais (tem) como ponto de referência a família”, pois “a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar”. E, apontando para a importância social e política do tema, afirma ainda que “o desafio que hoje se nos apresenta é aprender de novo a narrar, não nos limitando a produzir e consumir informação, embora esta seja a direção para a qual nos impelem os potentes e preciosos meios de comunicação contemporânea”. Conforme o Papa Francisco, a “informação é importante, mas não é suficiente, porque muitas vezes simplifica, contrapõe as diferenças e as visões diversas, solicitando a tomar partido por uma ou pela outra, em vez de fornecer um olhar de conjunto”.
A conversa de ontem foi uma das mais participativas, tendo sido promovida pelas duas Comissões, a de Justiça e Paz da Arquidiocese e a Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, estando presentes à mesa o Presidente José Marcio de Moura Silva e a Irmã advogada Sueli Bellato, representando a CBJP. Dom Sergio da Rocha abriu o evento e, em razão de outro compromisso delegou a Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, a sua representação na mesa.
A manifestação inicial do Ministro, partiu da Constituição Federal, que já prevê a regulamentação das comunicações no país, discutiu-se a percepção da sociedade brasileira do atual desenho institucional das comunicações e sua comparação com as normas e os princípios que estão na Constituição, especialmente o interesse público e as garantias para que a população possa ter uma comunicação a serviço da democracia. Para ele “Na verdade, no Brasil já há muitos anos ocorreram esforços, assim como no resto do mundo, para regulamentar o que é a comunicação, quais os pressupostos básicos e qual o papel de cada parcela da sociedade no exercício desse aspecto tão importante da vida humana”.
As palavras do ministro foram recebidas pelo público com muito interesse. De fato, o auditório contou com a participação já frequente de um público que vem acompanhando essas conversas, membros das comissões, serviços e organismos arquidiocesanos, seminaristas do Instituto Dom Orione, o padre Moacyr Gondin, José Boaventura Teixeira da Cáritas, expositores de conversas anteriores, entre eles o Professor Isaac Roitman, da Academia de Ciências, Professora Nair Bicalho, do Comitê Nacional de Educação para os Direitos Humanos. Desta vez, uma presença marcante de estudantes de jornalismo do IESB (orientados pela professora Luciana) e professores da Faculdade de Comunicação da UnB (LabCom), ativos no debate: Venício Artur de Lima, Murilo Ramos, Fernando de Oliveira Paulino, Elen Cristina Geraldes, Vanessa Negrini. Também presentes, representantes de diferentes organismos de Comunicação: Forum Nacional pela Democratização da Comunicação, Mídia Ninja, Intervozes, TV Comunitária (que sempre grava e divulga as Conversas, pela Net, canal 12), por seu Presidente Jornalista Beto Almeida e pela Diretora da TV UnB, Neuza Meller.
Além de um número incomum de posicionamentos, o que possibilitou várias sugestões, a vibrante reação às palavras iniciais transformou a roda de conversa em um momento ímpar no diálogo entre governo e grupos da sociedade. Temas como a regulação da mídia, o papel das TVs Educativas, Universitárias e Comunitárias, a tramitação de projetos no parlamento sobre a questão, o papel inovador do mundo digital e seu impacto no debate sobre as comunicações, o papel do poder Executivo e os limites políticos e institucionais de aprofundar esta questão foram debatidos e a troca de opiniões atendeu ao propósito de diálogo e mediação das Conversas de Justiça e Paz. Dada a qualidade e a importância desse tema, uma relatoria foi designada para sintetizar a conversa e em breve o seu relatório será publicado na página da CJP.
Assista a essa Conversa na íntegra: