Todo tipo de intolerância é desumana. Mais que isso, afronta a Legislação Brasileira que garante a laicidade do Estado e, portanto, a liberdade de crença e a livre filiação religiosa. Nos últimos dias, o Brasil assistiu a vários episódios de violência retórica, desde as reações midiáticas contra a população LGBT por conta da passeata em SP, até a agressão física perpetrada contra a jovem Kailane, de 11 anos, adepta do Candomblé.
Em função disso, o CONIC emite nota em que apela para o bom senso. “Que possamos fazer o exercício da autocrítica”, afirma um trecho do documento. “Que nas celebrações desse domingo, 21 de junho, possamos fazer o exercício da penitência e reconhecer os abusos”, acrescenta.
UM APELO AO BOM SENSO
“Esses tais, porém, injuriam o que desconhecem e,
por outro lado, corrompem-se naquilo que conhecem” (Judas 1:10)
O CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil apela para que lideranças religiosa cristãs recuperem o bom senso e parem de incitar o ódio contra religiões de matriz africana, espírita e demais minorias, entre elas, a população LGBT.
Essa incitação está fazendo vítimas. A menina Kailane Campos, de 11 anos, praticante do Candomblé, é a mais recente atingida por essa onda de ódio. Antes de Kailane foi Mãe Dedé, 90 anos (clique aqui e saiba mais). No dia de hoje, Gilberto Arruda parece ter sido mais uma das vítimas. Todo tipo de intolerância é uma agressão ao próprio Evangelho.
O Estado brasileiro é laico! Ninguém pode impor seus valores religiosos ao conjunto da sociedade. As pessoas podem optar por sua religião ou podem optar por não tê-la. O respeito às diversidades é uma das mensagens do cristianismo. Negá-las e condená-las é ser incoerente com a mensagem cristã.
Por isso, ninguém é obrigado a crer como a maioria, mas todos são obrigados a respeitar a crença das minorias. Não há uma verdade apenas. Existem inúmeras! As várias vertentes do cristianismo é uma verdade entre muitas.
A liberdade religiosa não é um valor absoluto. Como todas as demais liberdades, ela precisa estar em rigorosa conformidade com os direitos humanos.
Que nas celebrações desse domingo, 21 de junho, possamos fazer o exercício da penitência e reconhecer os abusos. A história ocidental traz inúmeros exemplos de que a conjugação entre poder e religião nunca foi saudável e positivo.
Que possamos fazer o exercício da autocrítica e parar! Não esqueçamos das ambiguidades e contradições que também fazem parte da trajetória cristã. E lembrem-se que, ao não estabelecer diálogo, negamos o próprio Cristo.
Nossa solidariedade aos irmãos e irmãs das diferentes matrizes religiosas atingidas. Pedimos, perdoem-no.
Chega de intolerância! Deus é amor. Todo o resto é DESCAMINHO.
CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil