Dom Sergio da Rocha nasceu em Dobrada, no estado de S. Paulo, aos 17/10/1959. Foi ordenado diácono na Igreja de Santa Cruz de Matão – SP, aos 18/8/1984, e presbítero na Matriz do Senhor Bom Jesus de Matão – SP, Diocese de São Carlos, aos 14/12/1984.
Estudou Filosofia no Seminário de São Carlos – SP e Teologia na PUC de Campinas – SP. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Lorena – SP. Fez Mestrado em Teologia Moral pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo, e obteve o Doutorado na Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, aos 21/01/1997.
Trabalhou em diversos Seminários como diretor espiritual, professor de filosofia e reitor. Foi ainda professor de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1989-2001).
Foi nomeado, pelo Papa João Paulo II, Bispo Auxiliar em Fortaleza, Ceará, e Titular de Alba aos 13/06/2001. Foi ordenado Bispo aos 11 de agosto de 2001, na Catedral de S. Carlos – SP. Aos 31 de janeiro de 2007, foi nomeado pelo Papa Bento XVI Arcebispo Coadjutor da Arquidiocese de Teresina, iniciando seu trabalho no dia 30/03/2007 e como Arcebispo Metropolitano em 03/09/2008. Aos 15 de junho de 2011 foi nomeado, pelo Papa Bento XVI, Arcebispo Metropolitano de Brasília, tendo sido acolhido na Catedral Metropolitana de Brasília aos 06 de agosto de 2011. Atualmente é Presidente da Comissão Episcopal para Doutrina da Fé, da CNBB, membro do Conselho de Pastoral (CONSEP) e do Conselho Permanente da CNBB.
Seu lema episcopal é: “Omnia in Caritate” (1Cor 16,14) – “Tudo na caridade”.
CJP: Em que contexto surgiram na Igreja as comissões de Justiça e Paz? O que se deveria esperar de sua atuação?
Resposta: A Comissão Justiça e Paz surge como resposta à necessidade da Igreja de contribuir na construção da sociedade, fundada na justiça e na paz, de acordo com a sua missão profética. A Igreja quer contribuir para a construção da paz que é fruto da justiça. Para tanto, ela necessita de instrumentos, como a Comissão Justiça e Paz e as Pastorais Sociais. Em qualquer contexto, a atuação da Comissão é muito importante; porém, a sua atuação torna-se ainda mais relevante perante as injustiças e as violações da dignidade e dos direitos da pessoa humana. Espera-se que a Comissão promova aquilo que ela traz em seu nome como dom e tarefa, isto é, a justiça e a paz tão desejadas por todos, segundo o querer de Deus.
CJP: Qual é a importância da Doutrina Social da Igreja para a atuação das comissões de Justiça e Paz na Igreja e na sociedade?
Resposta: A Doutrina Social da Igreja oferece critérios fundamentais para a construção da Justiça e da Paz na sociedade, assim como diretrizes para a atuação das Comissões. Ela acolhe as contribuições do pensamento filosófico e das ciências que permitam compreender melhor a pessoa humana e a vida social, oferecendo aquilo que a Igreja possui como bem mais precioso: a fé em Cristo, a Palavra de Deus, a vida nova que brota do Evangelho. A acolhida da Doutrina Social da Igreja pela Comissão Justiça e Paz é também sinal da comunhão eclesial que ela busca cultivar enquanto organismo vinculado à Igreja Católica.
CJP: Qual é a importância da Comissão Justiça e Paz para a Arquidiocese de Brasília? O que as pessoas de um modo geral, e não apenas os católicos, podem e devem esperar de sua atuação?
Resposta: A Comissão Arquidiocesana quer ser cada vez mais um espaço de diálogo, de reflexão e de serviço, no âmbito do Distrito Federal, embora sempre atenta ao que se passa no País e no mundo, pois não podemos pensar a nossa realidade social isoladamente. O diálogo deve ser marcado pelo respeito e pela escuta cordial, aberto aos homens e mulheres de boa vontade, em busca da justiça e da paz, e não apenas os católicos. Assim fazendo, a própria Comissão se torna espaço de vivência fraterna, de justiça e paz, isto é, testemunha os valores cristãos que propõem para a sociedade.
CJP: A atuação da CJP é principalmente na esfera da política?
Resposta: A dimensão política é inerente à ação pela justiça e a paz. Não há como contribuir com a construção da cidade, sem a política. Por isso, dentre as tarefas da Comissão estão: a valorização da política, a participação dos cristãos na vida política e o empenho pela ética na política. A Política não deve se restringir ao período eleitoral. Temos necessidade de oferecer formação política numa ótica cristã, muito além dele. Atualmente, a Reforma Política necessita de especial atenção e empenho. Contudo, é importante ter presente que a Comissão Justiça e Paz, conforme a postura da Igreja, não faz opção por partido político.
CJP: A Arquidiocese de Brasília possui diversas pastorais sociais. São elas as principais mediações da CJP? Em que sentido?
Resposta: A Comissão não quer apenas contribuir com a reflexão sobre as questões sociais. Ela necessita também fazer propostas e participar de iniciativas pastorais em andamento no âmbito da caridade, da justiça e da paz. Pelo seu caráter eclesial e pela natureza da própria fé cristã, a Comissão não pode caminhar isoladamente. Necessita, ainda mais, atuar em conjunto diante da complexidade das questões e da gravidade dos problemas sociais. A Comissão se faz companheira das Pastorais Sociais no serviço da justiça e da paz. As pastorais sociais respondem à diversidade de situações e de desafios presentes na sociedade, com os seus campos específicos de ação. Por isso, podem ajudar e receber ajuda da Comissão Justiça e Paz no enfrentamento de situações concretas.
CJP: Como a CJP pode ajudar a Igreja de Brasília em sua visão eclesiológica sobre as diferentes realidades do Distrito Federal?
Resposta: A Igreja de Brasília não pode evangelizar bem sem conhecer as diferentes realidades do Distrito Federal. A Comissão pode ajudar a identificar e a compreender os desafios sociais do Distrito Federal e, de modo especial, as situações que exigem maior empenho pela justiça e a paz. O Papa Francisco tem insistido na necessidade de uma Igreja “em saída”, isto é, que vai ao encontro de todos nos diversos ambientes e situações em que vivem. Necessitamos de uma Comissão à escuta dos clamores de nosso povo, no âmbito específico do Distrito Federal, sempre atenta ao contexto nacional. Queremos evangelizar a todos, sem descuidar de nenhuma área ou situação. A Comissão deve nos ajudar a dar especial atenção aos pobres e sofredores, aos que tem a sua dignidade negada e os seus direitos fundamentais violados. A eles, em primeiro lugar, a Igreja quer servir como mãe misericordiosa e acolhedora.
CJP: Como a CJP da Arquidiocese de Brasília pode contribuir na implantação da cultura da solidariedade, da justiça e da paz no Distrito Federal?
Resposta: A promoção da justiça e da paz exige ação conjunta. O fato de ser uma “comissão” já sinaliza que a construção da justiça e da paz é tarefa coletiva. A Comissão deve buscar sempre o diálogo e a cooperação na Igreja e na sociedade; estabelecer parcerias com organizações da sociedade civil e órgãos públicos. A própria Comissão, ao realizar as suas atividades de modo comunitário, com espírito fraterno e solidário, torna-se sinal e estímulo para a vivência dos valores que propõem para a sociedade. Para tanto, é fundamental o cultivo da espiritualidade inspirada no Evangelho.
CJP: O que o senhor, como Arcebispo de Brasília, espera da CJP para 2015?
Resposta: Espero que a Comissão continue a ser espaço de diálogo com a sociedade e de serviço efetivo à justiça e paz, sempre atenta aos novos desafios do Distrito Federal, ajudando a Igreja de Brasília a cumprir a sua missão. Dentre as novas situações, merece maior atenção o crescimento dos imigrantes, no DF, e as suas difíceis condições de vida. A Pastoral do Povo de
Rua, de modo especial, continua a necessitar do apoio da Comissão, assim como a Pastoral Carcerária. A relação da Comissão com as pastorais sociais possa crescer cada vez mais para ajudar-nos a atender melhor os migrantes, o povo de rua, os menores, os encarcerados, dentre outros. A desejada formação política, na Arquidiocese de Brasília, necessita da valiosa colaboração da Comissão Justiça e Paz. Além disso, sendo 2015, o Ano da Paz, conforme decisão da CNBB, contamos com a atuação da Comissão para a sua realização.