Com este tema foi realizada no dia 1º de fevereiro, a primeira Conversa de Justiça e Paz, promovida pela CJP, neste ano.
A motivação da conversa decorre do que foi enunciado no convite amplamente distribuído e que atraiu um expressivo número de interlocutores ao Auditório Dom José Freire Falcão, local habitual das conversas: “Seguindo a voz profética do Papa Francisco em sua locução lançada na Encíclica Laudato Sí’ sobre o cuidado da Casa Comum, a Campanha da Fraternidade de 2016, o mais destacado projeto de evangelização da CNBB, propõe para a sua quarta edição ecumênica, o tema “Casa Comum, nossa responsabilidade”, apoiado no inspirado lema extraído de Amós 5,24: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.
O sentido profético que motiva a Campanha, a partir do magistério pontifício, decorre da preocupação ecumênica sobre a necessidade de aceitar o desafio para a construção da Casa Comum (oikoumene), enquanto condição de realizar uma vivência fraterna, que se edifique, conforme sugere o documento de apresentação da Campanha, de forma “justa, sustentável e habitável para todos os seres vivos (n. 4)”.
Para essa conversa foram convidados DOM LEONARDO STEINER, Bispo-Auxiliar da Arquidiocese de Brasília e Secretário-Geral da CNBB; a Pastora ROMI MÁRCIA BENCKE, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil e Secretária-Geral do CONIC; e o Dr. ANTONIO ROCHA MAGALHÃES, do CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos do Ministério da Ciência e Tecnologia; ex-integrante da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília. A mesa foi presidida pelo Presidente da CJP José Marcio de Moura Silva e os trabalhos foram moderados pelo membro da CJP José Geraldo de Sousa Junior.
No público presente, incluindo membros da CJP-Brasília, foram anotadas as participações, na audiência e nos debates, do Presidente da Comissão Brasileira de Justiça e Paz Carlos Moura, do Professor Paulo Sérgio Bretas de Almeida Salles, presidente da ADASA – Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal, do Dr. Guilherme Delgado Pesquisador do IPEA (aposentado), Professor da Universidade Federal de Uberlândia, José Teixeira Boaventura da Cáritas Brasília, do Padre Carlos Henrique, Vigário Episcopal das Pastorais Sociais, do Padre Bernard Lestiene, do IBRADES/Centro Cultural de Brasília, da Professora Nair Bicalho, do Núcleo de Estudos para a Paz e os Direitos Humanos da UnB, do Professor Salomão Amorim, da Faculdade de Comunicação da UnB, das Irmãs e advogadas Rosita Milesi e Sueli Belato, do Professor Cleber Ribeiro Soares, dirigente do SINPRO – Sindicato dos Professores do Distrito Federal.
Presentes também, religiosos e religiosas consagrados e consagradas, em saudação aos quais foi lida a mensagem de Dom Sérgio da Rocha, com convite especial do arcebispo para a celebração eucarística na Catedral, encerrando o Ano da Vida Consagrada em Brasília. Conforme a mensagem de Dom Sérgio: “São especialmente convidados para essa celebração os religiosos e as religiosas das muitas comunidades presentes em Brasília, bem como todos os consagrados. A participação da comunidade expressará assim, a gratidão e o apoio fraterno às pessoas consagradas!”.
Após a exibição e difusão da letra e hino da CF, com a belíssima letra de Eliana e Xico Esvael e a sensível música de Flávio Irala, Dom Leonardo Steiner apresentou os objetivos da Campanha reafirmando, assim, a importância de “assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum” (n. 7). Daí a importância de discutir sobre saneamento básico no Brasil. De fato, diz o documento de apresentação da Campanha (nºs 20 e 21): “o abastecimento de água potável, o esgoto sanitário, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos, o controle de meios transmissores de doenças e a drenagem de águas pluviais são medidas necessárias para que todas as pessoas possam ter saúde e vida dignas”. Pois, “a combinação do acesso à água potável e ao esgoto sanitário é condição para se obter resultados satisfatórios também na luta para a erradicação da pobreza e da fome, para a redução da mortalidade infantil e pela sustentabilidade ambiental”.
Trata-se de uma tarefa compartilhada, com responsabilidades solidárias de governo, sociedade civil e comunidades. E a Campanha se dirige, de modo próprio, às comunidades cristãs, para convocá-las a se mobilizar em todos os municípios no sentido de que participem das ações programáticas no âmbito de governança dessas políticas e para que exercitem, segundo as diretrizes éticas de suas confissões, “o controle social sobre as ações de sua execução” (n. 25).
A Pastora Romi deu relevo ao sentido da Campanha “enquanto Ação Ecumênica Pastoral”, conclamando à “atitudes claras e concretas de Justiça”, para fortalecer o papel das organizações religiosas no sentido de se colocarem a favor do Direito e da Justiça”, que constituem o eixo evangelizador da própria Campanha, a partir da escolha de seus fundamentos bíblico-teológicos: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca (Am 5.24)”.
A exposição do Doutor Antonio Rocha Magalhães, com notável expertise fruto de sua especialidade e de conhecimento internacional comparado, destacou o sentido político da leitura da CF, uma vez que suas indicações se apoiam na convicção da “realção entre saneamento e pobreza”, e, consequentemente da “ligação entre saneamento e saúde”.
Daí que, para ele, urge “fazer acontecer”, ou seja, mobilizar agentes políticos e sociais, para a formulação de políticas públicas, que reclamam “protagonismo governamental e trabalho comunitário” devendo, portanto, serem “dotados de mobilização e cidadania”.
Felizmente, a riqueza das exposições e a qualidade do debate, instigado pelas manifestações do auditório, estarão totalmente preservadas, graças à parceria que se mantêm entre a CJP e a TV Comunitária de Brasília, que gravou toda a conversa para exibição em sua programação (NET-Brasília, Canal 12) e para utilização pedagógica da própria Campanha.
Conheça o palestra do Dr. Antonio Rocha Magalhães : Saneamento Básico no Brasil
Assista a Conversa na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=09x6xrBCakE
Por Comissão Justiça e Paz