Água e Cidadania é tema da próxima Conversa de Justiça e Paz – 22/02/2018

É preciso unir todas as nossas vozes em uma mesma causa: já não serão vozes individuais ou isoladas, mas o grito do irmão que clama através de nós, é o grito da terra que pede o respeito e a partilha responsável de um bem, que é de todos.” (Papa Francisco – discurso aos participantes do Seminário “O direito humano à água”- Vaticano, 24/02/2017).

A Comissão Justiça e Paz de Brasília (CJP-DF), realiza, no próximo dia 5 de março, a 43ª “Conversa de Justiça e Paz”. O tema da noite será: “ÁGUA E CIDADANIA”. O encontro será no Auditório Dom José Freire Falcão, Mitra Arquidiocesana, junto à Catedral de Brasília, Esplanada dos Ministérios.

Não é coincidência a circunstância de que no mesmo período, mês de março, dois grandes eventos mundiais se realizem em Brasília, com a preocupação comum: a questão da água.

Entre 18 e 23 de março acontecerá o 8ºFórum Mundial da Água organizado pelo Conselho Mundial da Água (WWC); pelo governo federal, com o Ministério do Meio Ambiente e a Agência Nacional das Águas (ANA); e pelo governo do Distrito Federal, pela Agência Reguladora de Águas e Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa). Este mega evento, prevê a presença de 1.300 palestrantes, das autoridades de 110 países e de cerca de 5 mil inscritos, para o qual cerca de 40 mil pessoas de dezenas de países enviaram contribuições aos organizadores, como se pode ver no site do evento: http://www.worldwaterforum8.org/

O outro grande acontecimento será o FAMA 2018 – Fórum Alternativo Mundial da Água, de 17 a 22 de março de 2018, convocado com o objetivo de unificar internacionalmente a luta contra a tentativa das grandes corporações de se apropriarem de reservas e fontes naturais de água e de outros serviços públicos. Conforme a sua própria denominação indica, o  FAMA se organiza em contraposição ao 8º Fórum Mundial da Água e propõe como tema motivador “Água é um Direito Fundamental e não Mercadoria”(Confira informações sobre o Fama em: http://crisalida.eco.br/forum-alternativo-mundial-da-agua-secao-brasil-agua-e-direito-e-nao-mercadoria/).

Extremamente válidas as preocupações das duas convocatórias. Elas trazem para Brasília, sobretudo, que está situada no epicentro de uma grave crise hídrica, a responsabilidade social de pautar esse tema, razão pela qual a CJP convoca para esta Conversa, exatamente com este título: “Água e Cidadania”.

Há exato um ano, em 24 de fevereiro de 2017, encerrava-se no Vaticano o Seminário “O direito humano à água”. Em discurso aos participantes, por ocasião do encerramento do Seminário, o Papa Francisco defendeu que “o direito à água é determinante para a sobrevivência das pessoas e decide o futuro da humanidade”.É doloroso – ele acentuou – quando na legislação de um país ou de um grupo de países não se considera a água como um direito humano. Mais doloroso ainda quando se tira o que estava escrito e se nega este direito humano”.

Para o Papa Francisco, ele deixou claro, o direito à água é fundamental para a paz: “Eu me pergunto se no meio desta ‘terceira guerra mundial em pedaços’ que estamos vivendo, não estamos a caminho rumo à grande guerra mundial pela água”.

Ele conclamou a necessidade de situar o direito ao acesso à água no lugar que lhe corresponde, retomando a exortação lançada na Laudato Si’ no sentido de cultivar  “uma cultura do cuidado e, além disso, fomentar uma cultura do encontro, na qual haja união em torno de uma causa comum de todas as forças necessárias de cientistas e empresários, governantes e políticos”,  concluindo que “O respeito à água  é condição para o exercício dos demais direitos humanos. Se acatamos a este direito como fundamental, estaremos colocando as bases para proteger os demais direitos. Mas se tiramos esse direito básico, como vamos ser capazes de cuidar e lutar pelos demais?”.

O Papa Francisco pediu ainda que todos os atores implicados em garantir o direito à água unam suas forças para torná-lo efetivo: “É preciso unir todas as nossas vozes em uma mesma causa: já não serão vozes individuais ou isoladas, mas o grito do irmão que clama através de nós, é o grito da terra que pede o respeito e a partilha responsável de um bem, que é de todos. Nesta cultura do encontro, é imprescindível a ação de cada Estado como fiador do acesso universal à água segura e de qualidade”.

É sob o signo dessa responsabilidade social, segundo a qual a questão da água passa a ser uma questão de cidadania, que a CJP saúda a iniciativa dos encontros programados para o mês de março em Brasília e se junta aos esforços de compartilhamento de preocupações comuns que certamente serão externalizadas conforme essa “cultura de encontro”.

Para a Conversa de Março (dia 5), no Auditório Dom José Freire Falcão, na Cúria Metropolitana (Anexo da Catedral), às 19h, estão sendo convidados o escritor Eugênio Giovenardi (21 livros publicados – romances, crônicas, poesias, ensaios, boa parte sobre o tema ecologia); Ecossociólogo (URGS) e Teólogo (ex-sacerdote da Ordem franciscana dos Capuchinhos), Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e o Professor (UnB) Doutor Paulo Sérgio Bretas de Almeida Salles, Diretor-Presidente da ADASA-DF (Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal) e um dos organizadores do 8º Fórum Mundial das Águas.

Por Comissão Justiça e Paz – CJP – DF

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