Conversa de Justiça e Paz sobre os desafios pastorais para os jovens na Igreja e sociedade – 10/12/2018

A Comissão Justiça e Paz de Brasília (CJP) realizou, em 10 de dezembro do corrente ano, no Auditório Dom José Freire Falcão, mais uma edição do Programa “Conversas de Justiça e Paz”, a última do ciclo de 2018. O tema deste encontro foi “Jovens na Igreja e na Sociedade: Desafios Pastorais”. O convidado expositor para esta especial ocasião foi o Cardeal Sergio da Rocha, Arcebispo de Brasília. A sessão foi aberta pelo Presidente da CJP/DF, Mauro Noleto, agradecendo a presença de todos e especialmente do Cardeal, que foi o relator geral do Sínodo para juventude, realizando em outubro último, em Roma. O Cardeal foi recebido pelos presentes com uma salva de palmas e iniciou sua apresentação explicando o significado da palavra grega “sínodo”, que tem o sentido de “caminhar juntos”. Disse que as convocações dos sínodos foram retomadas pelo Papa Paulo VI e que o Papa Francisco tem ampliado sua participação convidando, além de presbíteros, leigos de vários segmentos religiosos. O sínodo da juventude contou com a participação de 32 jovens de várias partes do mundo, sendo um brasileiro, como um reconhecimento da necessidade de rejuvenescer a igreja.

Lembrou que esse foi o 15º Sínodo Ordinário, que se diferencia dos “especiais”, como o que ocorrerá em 2019, sobre a “Amazônia”, pois não envolve a participação de todas as regiões do mundo. A realização do sínodo é composta de 3 fases, que viabilizam a metodologia utilizada: VER, JULGAR e AGIR. A primeira etapa consiste na preparação dos elementos necessários ao VER, para conhecer a realidade. A segunda se realiza nas assembleias para um JULGAR coletivo. A terceira se consubstancia na acolhida das proposições para o AGIR sobre a realidade. As proposições não são necessariamente acolhidas para composição de um documento articulado. Mas, no caso do Sínodo da Juventude, foi desenvolvido um esforço na articulação do documento final para, eventualmente, o Santo Padre publicar uma exortação apostólica sinodal.

Dom Sérgio destacou que a experiência sinodal é pedagógica na busca da universalidade para atender a principal exigência, qual seja, um incentivo ao jovem na fé e na vocação da sua vida. Nesse sentido, a fase de preparação foi composta de reflexões e indicações pastorais de desafios, atitudes e posturas, para ver a realidade, os rostos, as diversidades de contextos e situações concretas, com destaque a questão dos imigrantes. Para ver essa realidade é necessário saber o que os jovens esperam da igreja, quais valores estão buscando, quais suas potencialidades? Lembrando que a realidade não se expressa apenas por dados estatísticos.

Segundo o Cardeal, o JULGAR coletivo apontou para a necessidade de superação do medo da igreja em se aproximar dos jovens, pois para ver é necessário se aproximar e dialogar. O diálogo, por outro lado, exige o ouvir e a realidade mostra que, os que cumprem na igreja a missão de acompanhar os jovens, encontram dificuldades para dialogar, por diferentes razões, inclusive pelas barreiras do mundo digital. Outra questão considerada, foi o dever da igreja em reconhecer e reagir diante dos abusos cometidos contra os jovens, abusos de todo tipo, com um amplo sentido, baseado nos direitos humanos.

Dom Sérgio destacou que nas proposições para AGIR é necessário valorizar as diferentes formas de expressões dos jovens através da arte, que permitem o crescimento da sensibilidade para questões sociais e ecológicas, além de despertá-los para o trabalho voluntário. Também, deve ser valorizado o protagonismo do jovem dentro da igreja, pois há uma avaliação equivocada, considerando que o jovem se afastou da igreja, quando na verdade ocorreu o contrário. Ainda, sobre os conflitos nas relações inter-geracionais, é necessário buscar meios de superação, através da capacitação para relacionamento com jovens. O acompanhamento de grupos não basta, precisa ser pessoal. Destacou que o discernimento exige liberdade e que uma comunidade acolhedora, autêntica e fraterna ajudará os jovens a fazer suas opções de vida com liberdade e consciência no seguimento de Jesus. Contudo, deve-se considerar que a comunidade não substitui a família.

O Cardeal foi muito aplaudido quando encerrou sua palestra e o Presidente da CJP/DF, abriu as inscrições para o público, quando várias perguntas lhe foram dirigidas. A primeira questionou sobre as ações da igreja voltadas para as comunidades nômades. Dom Sergio destacou o papel da pastoral dos nômades, mas confessou não dispor de detalhes sobre a missão e as atividades dessa pastoral.

Em seguida, foi sugerido ao Dom Sérgio que a igreja estimule os jovens a participar de vida partidária. O Cardeal se posicionou mais favorável a estimular os jovens no compromisso social que partidário.

Foi sugerido, também, que o movimento “Segue-me” seja mobilizado para participar da Campanha da Fraternidade. Dom Sérgio apoiou a sugestão e recomendou providências para articular e organizar a mobilização.

O representante da Pastoral do Menor destacou as dificuldades enfrentadas nas suas atividades e ouviu do Cardeal seu enorme apreço por esse trabalho, colocando seu o máximo empenho.

A representante do grupo PQV (Para Que Vida?) apresentou sugestões para formação dos jovens, baseadas nos resultados alcançados pela Casa de Planaltina com exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. Dom Sérgio valorizou as sugestões e recomendou avançar nessas atividades.

Foi sugerido, finalmente, que o rito da missa tridentina seja mais frequentemente praticado na Arquidiocese, por ser mais condizente com o calvário de Cristo, que as missas repletas de cânticos e danças. O Cardeal ponderou sobre a importância do sentido litúrgico. Lembrando que o rito não se encerra nele mesmo. A liturgia tem como objetivo criar um espaço de participação para o orante.

O encontro foi encerrado com a participação de todos na oração do “Pai Nosso” e em seguida com a Benção do Dom Sérgio.

Por Comissão Justiça e Paz

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